A violência no campo não para no estado do Piauí, é cada vez mais recorrente e familias inteiras ficam expostas, sujeitos a situações de ameaças, de medo, de abandono. No entanto resitem e permanecem resistindo.

Imagem da capa Rio Riosinho – Bernadete Freitas

 

É preciso estar atento e na luta em defesa dos Territórios!

As famílias do Território Chupé e a Comissão Pastoral da Terra-Regional Piauí vem mais uma vez a público denunciar e repudiar as violações e conflitos no Cerrado Piauiense.

Estas famílias são alvos do Capital que se apropriou do território e tem tentado expulsá-los para garantir a expansão do agronegócio nessa região ocasionando conflitos diretos e indiretos a inúmeras famílias que ali vivem.

No mês de Fevereiro desse ano os moradores do Terrótório Chupé identificaram em uma das fontes de água que usam com a coloração avermelhada e formação de espumas, algo não cotidiano deles, o que faz-se crer na contaminação dessa fonte pelo uso de agrotóxico 2,4-D utilizado nas fazendas de soja das proximidades do Território. Esse tipo de veneno causa alteração genética capaz de desencadear o câncer, alterações do sistema hormonal, má-formação fetal e toxicidade neurológica, como aponta  a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.

Durante esse episódio João Augusto Philippsen, fazendeiro, disse às famílias que usou o agrotóxico para matar  uma moita de mato existente dentro da sua propriedade e que eles deveriam sair dali e irem morar na cidade, afirmou ainda que irá cercar toda a área de uso coletivo do território, área essa utilizada pelas famílias para criação de animais e plantio de legumes. É importante destacar que o brejo contaminado deságua no Riozinho, além de ser utilizado pelas famílias do território é um dos afluentes do Rio Parnaíba, importante fonte hídrica do Piauí e do Maranhão.  Acompanhava o fazendeiro, o senhor Vanderlei Pompeu de Matos, que se apresenta como advogado da fazenda, inclusive declarou para famílias que deveriam sair da “porta” de João Augusto.

No último dia 06 de Março de 2020, houve um novo incidente. Mais uma vez João Augusto Philippsen, acompanhado do Advogado Vanderlei Pompeu de Matos e um capanga da fazenda, conhecido apenas como Mano, foram na casa de algumas famílias ameaçá-los e comunicar que estavam indo para o Rio Grande do Sul em busca de recursos para a construção da cerca da Fazenda. Ademais os moradores do território passaram a ouvir tiroteios próximos as comunidades, essa prática é uma das formas de amedrontar as famílias e pressioná-las a sair de suas casas.

Diante disso, as famílias do Território Chupé e a Comissão Pastoral da Terra Regional Piauí vem a público denunciar e repudiar as ações violentas e repressão desses fazendeiros na região do Cerrado Piauiense e solicitar a intervenção imediata dos órgãos competentes para a resolução da problemática. Visto que a violência e as ameaças têm se intensificado e nos últimos tempos tornando recorrentes.

É necessário garantir a vida e reprodução dos modos de vida desses povos.

 Conheça o Território Chupé

O Território Chupé fica localizado no município de Santa Filomena-PI e é constituído pelas comunidades Barra da Lagoa e Chupé. Com 17 famílias de ribeirinhos e ribeirinhas ocupam tradicionalmente, desde os seus antepassados, as margens do Riozinho aonde vivem da coleta dos frutos do Cerrado, da pesca, da agricultura camponesa, da criação de animais, da cultura e da espiritualidade. São guardiãs e guardiões do Cerrado. Lutam em defesa da vida e pela continuidade dos seus, inspirados nos ancestrais tem a perspectiva de garantir condições socioambientais para as futuras gerações.

 

 Comissão Pastoral da Terra 

Regional Piauí