A análise dos dados referentes à violência no campo nos últimos dez anos, apontam crescimento gradativo, atingindo, nos últimos dois anos, 5,5 milhões de pessoas. Os assassinatos aumentaram 75% e o trabalho escravo cresceu 113%, em 2021. A violência no campo impacta, sobretudo, mulheres, crianças e jovens. Frente a esta realidade, organizações sociais lançam a “Campanha Contra a Violência no Campo: em defesa dos povos do Campo, das Águas e das Florestas” no dia 02 de agosto.

A atividade será realizada a partir das 10h00 (horário de Brasília), no auditório do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), em Brasília (DF). O evento faz parte da programação do Seminário da 6ª Semana Social Brasileira. O lançamento será em formato híbrido, presencial e com transmissão ao vivo pelas redes sociais das organizações que compõem a Campanha e, também, da CNDH.

A Campanha é uma iniciativa de diversas organizações do campo, das águas e das florestas, para frear o avanço da violência contra os povos e comunidades tradicionais.

Durante o lançamento serão apresentados relatos de casos de violência contra os povos indígenas, pela Aty Guasu (Grande Assembleia do povo Guarani e Kaiowá), do Mato Grosso do Sul, e também do Território Campestre, comunidade Alegria, do município de Timbiras (MA).

Na oportunidade serão apresentados dados atualizados sobre a violência no campo, sistematizados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI). Além da divulgação de uma Carta Compromisso contra a Violência no Campo, para que os candidatos e candidatas nas eleições de 2022 possam aderir.

A violência no campo

Entre 2011 e 2015 foram registrados pelo Centro de Documentação da CPT – Dom Tomás Balduino, 6.737 conflitos no campo, envolvendo mais de 3,5 milhões de pessoas. Já de 2016 a 2021, esses números subiram para 10.384 conflitos, atingindo 5,5 milhões de pessoas, em especial, crianças, jovens e mulheres. O que evidencia que o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff foi um golpe articulado entre setores do Estado e do capital, da mídia hegemônica e em particular ligado ao agronegócio.

Os assassinatos no campo saltaram de 20 em 2020, para 35 em 2021, representando um aumento de 75%. Dentre estes, destacam-se o assassinato de lideranças que atuam na defesa do território, dos direitos humanos e da natureza. Com relação ao trabalho escravo, houve aumento de 113% no número de pessoas resgatadas. Vale lembrar que esses dados, registrados pela CPT, são dados enviados pelos agentes de base da Pastoral, por organizações e movimentos sociais do campo e, também, pela imprensa. Mas eles não abarcam toda a realidade, que é ainda muito mais dura. Essas situações se acirram à medida em que, as políticas públicas e de fiscalização são desmontadas.

As populações que mais sofreram violência no campo foram, povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, posseiros e trabalhadores e trabalhadoras rurais sem-terra, segundo os dados da CPT.

No esteio desse processo de luta dos povos, enfrentar e superar a violência no campo se impõem como objetivo a partir da articulação e unidade das várias frentes de resistência e na defesa da vida.

Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara (AM) e presidente da CPT, Alessandra Farias, da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), Andréia Silvério e Carlos Lima, da coordenação nacional da CPT, Darci Frigo, da Plataforma Dhesca, Sandra Maria, da CONAQ, e Jordana Ribeiro, do Movimentos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem-Terra (MST), também comporão a mesa no dia do lançamento.

Contatos para imprensa:

Nívea Martins (Cáritas Brasileira) – nivea@caritas.org.br e (61) 99617-5597

Mario Manzi (CPT Nacional) – mario@cptnacional.org.br e (62) 99252-7437
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Local: Auditório Ana Paula Crosara, 8º andar Edifício Parque Cidade Corporate – Torre A. Setor Comercial Sul Quadra 9 – Asa Sul, Brasília – DF.

Horário: 10h00 (horário de Brasília)

Mais informações: https://bit.ly/3oIvqMZ