Familia índigena despejada indevidamente no dia 14 de Janeiro regressa a suas casas nesta quinta feira. Apesar do constrangimento e da violência que sofreram retorna ao aconchego do seu lar e retomam aos poucos as rotinas e cotidianas.

A justiça suspendeu liminar de ordem de despejo contra as famílias indígenas Gamela no cerrado piauiense. A decisão do Desembargador Hilo de Almeida Sousa foi publicada no inicio da tarde do dia 19 de janeiro de 2021 e foi favoravel a reintegração de posse do povo Gamela no território indígena Morro D’Água, no município de Gilbués, no sul do Piauí.

Adaido José juntamente com sua família após o despejo, haviam se instalado na residencia de sua mãe, que fica nas proximidades. Na tarde desta quinta feira (21) a família retorna a sua casa com a presença de representantes da Defensoria Pública do Estado, INTERPI, Polícia Militar de Gilbués e da  Comissão Pastoral da Terra que ajudou no translado da mudaça.

Vibramos com esse momento em uma celebração pela vida e continuamos firmes na resistência junto aos povos da terra, das águas e das florestas na luta pela terra, pela água, direitos, trabalho e vida digna.

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Entenda o caso:

Na tarde do dia 14 de janeiro de 2021 o MM. Juiz de direito da vara única da comarca de Gilbués-PI Francisco das Chagas Ferreira expediu e executou uma liminar com ordem de despejo em ação movida pelo Sr. Bauer Souto dos Santos contra a liderança indígena Gamela Adaildo José Alves da Silva, residente e domiciliado no território Morro D’água do mesmo município ha gerações.

Adaildo José Alves da Silva, indígena Gamela, trabalhava na sua roça enquanto sua companheira fazia o jantar e por volta das 16h foram surpreendidos com a presença de um oficial de justiça, Bauer Souto e sua filha acompanhados de policiais militares e outras pessoas. Chegaram à casa de Adaildo e impuseram-lhe o despejo. Ainda houve a destruição de cercas e retirada dos bens da casa da família. Na mesma noite um galpão aonde iria ser construido a casa do filho de Adaido, foi incendiado como forma de repressão e coação da família.

Adaildo José Alves e sua família são indígenas Gamela, que residem e trabalham de maneira ancestral no território há quase cem anos. O território, que possui cerca de 1500 ha é reivindicado como terra tradicionalmente ocupada pelo Povo Gamela no âmbito da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).